No dia da cor turquesa, a jacarense Rachel nos lê uma poesia do lado fatal
Aquele que eu amei era um visionário,
levava-me à sua terra, onde, ébrios de tanta luz
e tanto céu, percorríamos a sua juventude:
eu integrada nessa vida inteira.
A cidade revisitada muitas vezes,
com todas as esquinas
dos antigos ardores: seu coração se abria
em confissões noite adentro.
Quem eu amei era da banda dos visionários:
capaz de morrer sem abdicar do sonho
e turquesa mais bonita que a da Tunísia não há Youssef Rzouga em creative commons vem da página Recanto das Letras recitar no Jacaré
Vou apagar tudo
o alfabeto
a metáfora
a conjugação
a sintaxe
o porque das coisas

e se Jacaré começou com Rachel, com Rachel termina domando os ventos
a grande Poesia.
Que não oferece signos
nem linguagem específica, não respeita
sequer os limites do idioma. Ela flui, como um rio.
como o sangue nas artérias,
tão espontânea que nem se sabe como foi escrita.
E ao mesmo tempo tão elaborada -
feito uma flor na sua perfeição minuciosa,
um cristal que se arranca da terra
já dentro da geometria impecável
da sua lapidação.
Onde se conta uma história,
onde se vive um delírio; onde a condição humana exacerba,
até à fronteira da loucura,
junto com Vincent e os seus girassóis de fogo,
à sombra de Eva Braun, envolta no mistério ao
mesmo tempo
fácil e insolúvel da sua tragédia.
Sim, é o encontro com a Poesia.

e cantai com Maria Betânia
Rainha dos raios, rainha dos raios
Rainha dos raios, tempo bom, tempo ruim
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