domingo, 25 de dezembro de 2011

A cor de hoje é beje com Rimbaud, Vinicius e Ferreira Goulart

Jacaré recebe poesia de Ferreira Goulart musicada pelo jacarense Luciano Macedo



Você é seu corpo, sua voz, seu osso
Você é seu cheiro e o cheiro do outro
O prazer do beijo, você é seu gozo
O que vai morrer, quando o corpo morra.

Mas é também
Aquela alegria
Verso, melodia
Que intangível adeja acima
Do que a morte beija

mas a música está guardada numa caixa que de tanto não abrir já deu teia e de lá saiu uma aranha que não se penteia


Sergio Rosa, dos poetas malditos sacou essa : "Para estar com Baudelaire, vai uma boemia do maldito Rimbaud."

Minha Boêmia - Fantasia

Lá ia eu, de mãos nos bolsos descosidos;
Meu paletó também tornava-se ideal;
Sob o céu, Musa! Eu fui teu súdito leal;
Puxa vida! A sonhar amores destemidos!

O meu único par de calças tinha furos.
- Pequeno Polegar do sonho ao meu redor
Rimas espalho. Albergo-me à Ursa Maior.
- Os meus astros nos céus rangem frêmitos puros.


Sentado, eu os ouvia, à beira do caminho,
Nas noites de setembro, onde senti tal vinho
O orvalho a rorejar-me as fronte em comoção;

Onde, rimando em meio à imensidões fantásticas,
Eu tomava, qual lira, as botinas elásticas
E tangia um dos pés junto ao meu coração!

A jacarense Leila Sales de Vinicius veio, lembrando que são demais os perigos dessa vida:

Amiga, infinitamente amiga
Em algum lugar teu coração bate por mim
Em algum lugar teus olhos se fecham à idéia dos meus.
Em algum lugar tuas mãos se crispam, teus seios
Se enchem de leite, tu desfaleces e caminhas
Como que cega ao meu encontro...
Amiga, última doçura
A tranqüilidade suavizou a minha pele
E os meus cabelos. Só meu ventre
Te espera, cheio de raízes e de sombras.
Vem, amiga

Jules Lefebvre - Maria Madalena - 1876

Minha nudez é absoluta
Meus olhos são espelhos para o teu desejo
E meu peito é tábua de suplícios
Vem. Meus músculos estão doces para os teus dentes
E áspera é minha barba. Vem mergulhar em mim
Como no mar, vem nadar em mim como no mar
Vem te afogar em mim, amiga minha
Em mim como no mar...

e lá vou eu, como é duro trabalhar , melhor é a Belle de Jour na Boa Viagem

2 comentários:

  1. Da Boa Viagem pode-se seguir para um passeio em Olinda com paz dos mosteiros da Ìndia.

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    Um Olidense apaixonado pelas troças, por Bajado e pela Bodega do Véio.

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  2. Eu adoro Olinda, fui em 2008 mas vacilei, tomei cerveja na rua do Sol e passei rapidinho nos quatro cantos.
    Não fui à Bodega do Véio, mas comprei uma xilogravura linda no mercado São José em Recife que reproduz uma cena do próprio Véio atendendo no balcão. E quase sempre olho pra ela e digo: me aguarde Bodega, que vou voltar!

    Leila Sales.

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