segunda-feira, 27 de setembro de 2010

28 de setembro, o nome da rua e nada mais


Essa Vila Isabel foi fundada em 3 de janeiro 1872 e o dia 28 de setembro é o da lei do ventre livre

e para começar a falar na abolição, Jacaré pede licença à Clementina de Jesus



e Jacaré ouve essa preciosa musica e voz


Unidos de Lucas (Jacaré não encontrou vídeo ou som )
Enredo: História do negro no Brasil (Sublime Pergaminho)

Sublime Pergaminho - Unidos de Lucas, 68
Martinho da Vila
Composição: Zeca Melodia - Nilton Russo - Carlinhos Madrugada

Quando o navio negreiro
Transportava negros africanos
Para o rincão brasileiro
Iludidos
Com quinquilharias
Os negros não sabiam
Que era apenas sedução
Pra serem armazenados

E vendidos como escravos
Na mais cruel traição
Formavam irmandades

Em grande união
Daí nasceram festejos
Que alimentavam o desejo
De libertação
Era grande o suplício
Pagavam com sacrifício
A insubordinação

E de repente
Uma lei surgiu
E os filhos dos escravos
Não seriam mais escravos
No Brasil

Mais tarde raiou a liberdade
Pra aqueles que completassem
Sessenta anos de idade
Ó sublime pergaminho
Libertação geral
A princesa chorou ao receber
A rosa de ouro papal
Uma chuva de flores cobriu o salão
E o negro jornalista
De joelhos beijou a sua mão
Uma voz na varanda do paço ecoou:
"Meu Deus, meu Deus
Estpa extinta a escravidão"


Lei nº. 2040 - de 28 de setembro de 1871

Declara de condição livre os filhos de mulher escrava que nascerem desde a data desta lei, libertos os escravos da Nação e outros, e providencia sobre a criação e tratamento daquelles filhos menores e sobre a libertação anual de escravos.

A princesa imperial regente, em nome de Sua Majestade o Imperador o Senhor Dom Pedro Segundo, faz saber a todos os súditos do Império, que a Assembléia Geral decretou, e ela sancionou a Lei seguinte:

Art. 1º: Os filhos da mulher escrava que nascerem no Império desde a data desta lei, serão considerados de condição livre.

...

Art. 10º: Ficam revogadas as disposições em contrário. Manda portanto a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nela se contém. O secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas a façam imprimir, publicar e correr.



Dada no Palácio do Rio de Janeiro, aos vinte e oito de setembro de mil oitocentos setenta e um, quinquagésimo da Independência e do Império.

Princesa imperial Regente.
Theodoro Machado Freire Pereira da Silva.

5 comentários:

  1. Lei Eusébio de Queiroz, Lei do Ventre Livre, Lei Saraiva Cotegipe, Lei Áurea todas sansionadas por meio de pressão, sobretudo dos países onde o capitalismo já estava mais consolidado, principalmente da Inglaterra. Essas Leis não indenizaram os escravos pelos anos de trabalho forçados, além de tê-los abandonado à própria sorte.
    Aqui na nossa cidade, a ausência de líderes negros era quase regra, a exceção de André Rebouças e Luiz Gama, o movimento abolicionista contava em sua maioria com líderes brancos. É impressionante como até hoje muitos sambas enredos continuam ratificando a versão histórica dos colonizadores, é um tal de” graças ao Barão de Cobertin, Imperatriz sei lá do quê, Marquês de não sei onde”.
    Há um tempinho atrás, foi sugerido mudar-se o nome da rua Men de Sá, talvez fosse muito bom também mudarmos o da 28 de Setembro para Boulevard Noel Rosa ou Boulevard 11 de Dezembro, ou outra coisa mais poética e menos pelêga. Ainda bem que aqui na Vila a ideologia “Tipo Zero”sobreviveu ao tempo e às confusões da aristocracia cafona.

    Tipo Zero
    Noel Rosa

    Você é um tipo que não tem tipo
    Com todo tipo você se parece
    E sendo um tipo que assimila tanto tipo
    Passou a ser um tipo que ninguém esquece
    O tipo zero não tem tipo
    Quando você penetra no salão
    E se mistura com a multidão
    Esse seu tipo é logo observado
    E admirado todo mundo fica
    E o seu tipo não se classifica
    E você passa a ser um tipo desclassificado
    O tipo zero não tem tipo não


    Em tempo: Viva Mãe Quelé com uma rosa e muitos beijos.

    Leila Sales.

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  2. Concordo com a Leila, o Jacaré está falando como se a abolição tenha sido uma dádiva da realeza. À medida que crescia pressão do movimento abolicionista crescia a pressão da Inglaterra pois o escravagismo praticado por Portugal desequilibrava o preço dos produtos.

    Um excelente livro que li é Equador que se passa em São Tomé e Príncipe com as hipocrisias inglesas e portuguesas.

    Mas a melodia do samba é linda e a letra reflete o Brasil de 1968.

    Sergio Rosa

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  3. Acho interessante como em muitos países que passaram pela condição de colônia e quase que consequentemente, por ditaduras, a memória desses acontecimentos permanece, mesmo que latente. Em nenhum deles se viu homenagens aos monarcas e aristocratas como se fez aqui com os 500 anos e a chegada da família real (sem citar a resistência em abrir os arquivos da ditadura).
    Não sei se o livro citado pelo Sérgio é do autor português Miguel Sousa Tavares, pois não conheço muito a literatura contemporânea portuguesa,de qualquer forma vou procurá-lo na web.
    Leila.

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  4. Leila

    O livro eh esse mesmo que voce citou. Eu o li quando fui em 2004 a Sao Thome.

    Se ainda estiver comigo e voce quiser posso empresta-lo

    Sergio Rosa

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  5. Obrigada, Sérgio. Agora pensei que poderia ter emprestado o livro do Vainfas... Desculpe, sou meio distraída. Veja se encontra o livro do Sousa Tavares, então me diga e quem sabe, possamos fazer um escambo.
    Aqui em casa perdemos muitos livros na bagunça da biblioteca também.
    Leila

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