sábado, 22 de dezembro de 2012

Do Jacaré o bicho homem fez sopa, fritura e patê. Da poesia, música e prosa, do Jacaré fez-se a Ursa Maior


Do Jacaré fez-se filé.
Com a premonição da mulher, Jacaré havia dito: tô frito


Nem te ligo, Jacaré cantou assim que isso é papo de Jacaré

To viajando na onda dessa menina
Que da aula de inglês
Toma vinho português
E vive rindo da minha ignorância
Mas a minha tolerância vai fundir a sua cuca
Vou lhe bater uma real
Vou dizer que sou o tal
Levar um papo no café
É papo de jacaré
Mas ve se fala por favor a minha língua
Que já tem até uma ingua
Por causa do seu inglês
...
Diz que vai me ensinar (então diga como é)
Diz que vai me ensinar (então diga como é)
Diz que vai me ensinar (então diga como é)
Diz que vai me ensinar (então diga como é)

Fizeram do Jacaré, sopa



O amigo Raul Seixas jogou uma mosca da sopa e ninguém comeu o Jacaré


Eu sou a mosca
Que pousou em sua sopa
Eu sou a mosca
Que pintou prá lhe abusar...
Eu sou a mosca
Que perturba o seu sono
Eu sou a mosca
No seu quarto a zumbizar...

E não adianta
Vir me detetizar
Pois nem o DDT
Pode assim me exterminar
Porque você mata uma
E vem outra em meu lugar...



Patê:  também assim amassaram Jacaré



Não por falta de amigos Jacaré dançará e assim se fez com a chegada de Kid Morengueira dizendo que o melhor a fazer, diante desse tal patê, é com a mademoiselle fazer um tal dancé  avec moi



Não satisfeita, uma mulher fez, do couro do Jacaré, uma bolsa



Nessa hora, que o piston tira a surdina, Noel Rosa partiu p'ra dentro em defesa do Jacaré contra essa mulher indigesta 

Mas que mulher indigesta!(Indigesta!)
Merece um tijolo na testa
Essa mulher não namora
Também não deixa mais ninguém namorar
É um bom center-half pra marcar
Pois não deixa a linha chutar
E quando se manifesta
O que merece é entrar no açoite
Ela é mais indigesta do que prato
De salada de pepino à meia-noite
Essa mulher é ladina
Toma dinheiro, é até chantagista
Arrancou-me três dentes de platina
E foi logo vender no dentista


Jacaré, assistido então por Mário de Andrade, deu uma olhadinha no final, que se tornou eterno, de Macunaíma pois virou constelação

"Para se vingar, no final do livro, Vei faz Macunaíma sentir um forte calor, que desperta seus insaciáveis desejos sexuais; então, lança-o nos braços de uma Uiara, monstro disfarçado de bela mulher que habita o fundo dos lagos. O herói é destroçado e perde definitivamente a muiraquitã. Cansado de tudo, Macunaíma vai para o céu transformado na Constelação da Ursa Maior."



De tudo que se leu e ocorreu, matematicamente, pode-se deduzir que a Ursa Maior fica na Abaeté com Torres Homem cantando Macunaíma com a Portela

Portela apresenta
Do folclore tradições
Milagres do sertão à mata virgem
Assombrada com mil tentações
Cy, a rainha mãe do mato, oi
Macunaíma fascinou
Ao luar se fez poema
Mas ao filho encarnado
Toda maldição legou

Macunaíma índio branco catimbeiro
Negro sonso feiticeiro
Mata a cobra e dá um nó

Cy, em forma de estrela
À Macunaíma dá
Um talismã que ele perde e sai a vagar
Canta o uirapuru e encanta
Liberta a mágoa do seu triste coração
Negrinho do pastoreio foi a sua salvação
E derrotando o gigante
Era uma vez Piaiman
Macunaíma volta com o muiraquitã
Marupiara na luta e no amor
Quando para a pedra para sempre o monstro levou
O nosso herói assim cantou
Vou-me embora, vou-me embora
Eu aqui volto mais não
Vou morar no infinito
E virar constelação

foi assim e assim será, com a ressalva que as mulheres do Jacaré não são indigestas

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