sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Quando a sexta vem, sábado vem também

Jacaré, meio jururu de solidão ou preocupado com a possível avaria no computador da Leila, se anima nessa sexta feira ao acordar com a foto de Vila Isabel do jacarense Berg na foto galeria do O Globo.

aí deu vontade no Jacaré de cantar bolinha de sabão com Orlan Divo

Sentado na calçada,
De canudo e canequinha,
Tuplec tuplim,
Eu vi um garotinho,
Tuplec tuplim,
Fazer uma bolinha,
Tapaplec tuplim plim,
Bolinha de sabão,
...

e Manuel Bandeira conta que as bolinhas são com sabonete da mulheres de Araxá para serem lidas com Bachianas brasileiras ao fundo

As três mulheres do sabonete Araxá me invocam, me
[bouleversam, me hipnotizam.
Oh, as três mulheres do sabonete Araxá às 4 horas da tarde!
O meu reino pelas três mulheres do sabonete Araxá!

Que outros, não eu, a pedra cortem
Para brutais vos adorarem,
Ó brancaranas azedas,
Mulatas cor da lua vem saindo cor de prata
Ou celestes africanas:

Que eu vivo, padeço e morro só pelas três mulheres do sabonete
[ Araxá!
São amigas, são irmãs, são amantes as três mulheres do
[ sabonete Araxá?
São prostitutas, são declamadoras, são acrobatas?
São as três Marias?

Meu Deus, serão as três Marias?

A mais nua é doirada borboleta.
Se a segunda casasse, eu ficava safado da vida, dava pra beber e
[ nunca mais telefonava.
Mas se a terceira morresse... Oh, então, nunca mais a minha vida
[ outrora teria sido um festim!
Se me perguntassem: queres ser estrela? queres ser rei? queres
[ uma ilha no Pacífico? Um bangalô em Copacabana?
Eu responderia: Não quero nada disso, tetrarca. Eu só quero as
[ três mulheres do sabonete Araxá:
O meu reino pelas três mulheres do sabonete Araxá!

Teresópolis, 1931

De Estrela da Manhã (1936)


e dando os trâmites por findos, SÒ TENHO MEDO DA FALSETA E NÂO É DA JULIETA COM BOLINHA DE PAPAEL

2 comentários:

  1. Eis que me encontro numa poesia de Bandeira.

    Cordiais saudações

    Adamastor das Tormentas


    AD INSTAR DELPHINI

    Teus pés são voluptuosos: é por isso
    Que andas com tanta graça, ó Cassiopéia!
    De onde te vem tal chama e tal feitiço,
    Que dás idéia ao corpo, e corpo à idéia?

    Camões, valei-me! Adamastor, Magriço
    Dai-me força, e tu, Vênus Citeréia,
    Essa doçura, esse imortal derriço...
    Quero também compor minha epopéia!

    Não cantarei Helena e a antiga Tróia,
    Nem as Missões e a nacional Lindóia,
    Nem Deus, nem Diacho! Quero, oh por quem és,

    Flor ou mulher, chave do meu destino,
    Quero cantar, como cantou Delfino,
    As duas curvas de dois brancos pés!

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  2. Meu querido Jacaré, não fique Jururu, eu é que ando meio sobrecarregada de trabalho e “triste de não ter mais jeito”, com a perda iminente de meu lobinho, velho amigo para as doenças do tempo.
    Hoje a veterinária diagnosticou: ele precisa de um novo coração! E eu pensei: deve ser porque ele passou a vida toda distribuindo pedacinho por pedacinho do seu, todos os dias nessa minha casa bagunçada e não lhe restou nada. Nesses últimos dias, nem um tango argentino me consola, além do quê, não consegui escrever nenhuma linha das muitas que preciso pra minha qualificação mês que vem. Mas queria que soubesse que gosto desse seu jeito de flor, meu amigo..
    Obs: Faz 56 anos que Oswald foi embora.
    Viva o Brasil!
    Leila

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