O acaso fez com que Pixinguinha, caminhando pelas calçadas de Vila Isabel, encontrasse Martinho da Vila na intercontextualidade do Gavião Calçudo e o Mar
Quem tivé muié bunita, traga presa na corrente ou esconde do gavião
e como cantou Tim Maia: avise ao formigueiro, vem aí tamanduá
Como existencialistamente Simone de Beauvoir disse que o acaso sempre tem razão, então o encontro foi verdade
Gavião Calçudo
Pixinguinha
Chorei
Porque
Fiquei
Sem meu amô
O gavião marvado bateu asa
Foi com ela e me deixô
Quem tivê muié bunita
Esconde do gavião
Ele tem unha cumprida
Deixa os maridu na mão
Mas viva quem é sorteiro!
Num tem amô nem paixão
Mas ocês que são casadu
Cuidado com o gavião
Chorei. . .
Us curpado disso tudo
É us maridu d`agora
As muié anda na rua
Cum as canela di fora
Gavião tomando cheiro
Vem decendu sem demora
Pega a muié pelo bico
Bati asa e vai simbora
Chorei porque fiquei sem meu amor
O gavião malvado bateu asas
Foi com ela e me deixou
O culpado disso tudo
É o marido de agora
A mulher sai perfumada
E com a barriguinha de fora
Gavião sentindo o cheiro
Vai chegando sem demora
Bota os olhos no umbigo
Bate asas, leva embora
Quem é do mar não enjoa
Martinho da Vila
Quem é do mar não enjoa, não enjoa
Chuva fininha é garoa, é garoa
Homem que é homem não chora, não, não chora
Quando a mulher vai embora, vai embora
Quem quiser saber meu nome
Não precisa perguntar
Sou Martinho lá da Vila
Partideiro devagar
Quem quiser falar comigo
Não precisa procurar
Vá aonde tiver samba
Que eu devo estar por lá
Eu cheguei no samba agora
Mas aqui eu vou ficar
Pois quem é mesmo do samba
Vai até o sol raiar
O sereno ta caindo
Ta caindo devagar
Vai cair chuva miúda
E o samba não vai parar
Serenou lá na Mangueira
Serenou lá na Portela
Serenou em Madureira
Serenou lá na favela
Serenou lá no Salgueiro
Serenou lá no Capela
Serenou na minha casa
Serenou na casa dela
Quem tiver mulher bonita
Traga presa na corrente
Eu também já tive a minha
Mas perdi num samba quente
A menina foi embora
Mas um samba vou cantar
Pois está mesmo na hora
De ter outra em seu lugar
Quem é da Vila conversa com as maritcas e, pedindo, elas beijam flores
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
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Tenho lá minhas dúvidas se por ter sido acaso seja verdade. A última palavra é sempre do acaso e, sendo a última, não necessariamente é verdade.
ResponderExcluirSergio Rosa
Aqui um pedaço da entrevista com Fernanda Montenegro.
Por que Simone de Beauvoir?
Fernanda - Porque calhou. Foi o acaso. Um dos conceitos do existencialismo é que a última palavra é sempre do acaso.
A última palavra é da mulher e não do acaso.
ResponderExcluirEm Don Giovanni, Saramago conclui que Deus e o Diabo querem o que a mulher quer e que nem tudo é o que parece ser.
Adamastor
Última palavra, mulher, homem... Quem sabe fosse bom considerar a primeira, que é o princípio, e que faz girar a roda do acaso. Em relação ao encontro entre Pixinguinha e Martinho, talvez seja fruto da arte e da natureza de quem imaginou.Mas que eu queria que fosse verdade, eu queria!
ResponderExcluirLeila.
Fugindo um pouco desses livros todos que tenho que ler, lembrei da música “ Deixa” do Powell, e acho que foi isso que aconteceu com quem pensou no encontro do “Pissinim” com “Martin”.
ResponderExcluirBora lá: letras.terra.com.br/baden-powell/165618 (pra ouvir bem alto).
Leila.