sábado, 25 de janeiro de 2014

Hoje tem festa no céu azul de Vila Isabel. Jacaré homenageia os botequins do Rio - reduto da boemia


Festa do jacaré
25 de janeiro - sábado
19 às 23
Abaeté com Torres Homem
Bairro de Noel

 Luiz - desde muito 
Um Bar especial viveu na esquina de Visconde Abaeté com Torres Homem. Não tinha lá um nome mas a figura do Seu Costa, português pedra noventa, fez daquele ponto uma coisa muito gostosa da Vila.

Tomazi curava qualquer doença com amostras grátis de remédios, Ferrão resolvia os problemas contábeis de quem os tivessem e o Joaquim consertava qualquer aparelho elétrico - tudo com o pagamento feito pela companhia num copo de cerveja no balcão.

Naquele tempo dizia-se que pobre quando comia galinha, um dos dois estava doente devido ao alto preço da dita cuja ave.

É, imaginemos pernil de porco ! 

Pois sábado era o dia do pernil no Bar do Seu Costa. Pela manhã, o velho Costa acabava de temperar o pernil dormido no vinha d'alhos com pimenta, cominho e mais uns temperos que só ele sabia.
O balcão enchia de esperantes com aquele cheiro saboroso do assado - só ele, só um cheiro e seleto.

Era muita cerveja e conversa. Uma terapia em grupo lakaniana, freudiana, junguiana, reichiana chegando-se ao nirvana do som das bachianas portuguesas.

Lá pelo meio dia o pernil saia do forno e Seu Costa com um sorriso amigo e uma gentileza sem igual saia pelas mesas oferencendo fatias de prova. Cada fatia, um pedido de porção e o pernil não via chegar as tres horas da tarde. 

Domingo era dia dos salgados de porco feitos no feijão preto. Esse merecia uma cachacinha, limão ou maracujá antes, e a terapia era retomada.

Onze horas e o velho Chalita, que tinha gota, e esposa chegavam da missa e pegavam numa conversa familiar amiga. Seu Chalita era proibido pela mulher de comer salgados e tomar álcool mas ela permitia o bate papo com Seu Costa.

--- Bem, vou deixar vocês aí e subir para preparar o almocinho desse domingo de Deus, dizia a esposa confiando que Seu Costa cuidaria um pouco mais de seu marido. E cuidava.

Lá iam os dois para interior do Bar no fundo do balcão, bem escondidos para comerem os salgados do feijão ao som de bagaceira portuguesa.

Nessa arena, Eu sou eu, Jacaré é bicho d'água ocupa e faz a festa com a certeza que o Bar é Phoenix e que reviverá um dia... e que seja já... pelo menos hoje.

fait attention à la chemise


Vamos renascer das cinzas
Plantar de novo o arvoredo
Bom calor nas mãos unidas
Na cabeça de um grande enredo
Ala de compositores
Mandando o samba no terreiro
Cabrocha sambando
Cuíca roncando
Viola e pandeiro
 

No meio da quadra
Pela madrugada
Um senhor partideiro
Sambar na avenida
De azul e branco
É o nosso papel
Mostrando pro povo
Que o berço do samba
É em Vila Isabel
Tão bonita a nossa escola!
E é tão bom cantarolar
La, la, iá, iá, iá, iá, ra iá
La, ra, iá


 
Vamos à festa pois quem nasce lá na Vila nem sequer vacila

 

4 comentários:


  1. E de vez em quando o Perna passava por lá com sua filosofia popular :

    - barata não atravessa formigueiro.

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  2. Essa história do Bar está muito legal, minha família morava lá na época.

    Parabéns, Jacaré

    Lúcia

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  3. BONITO TEXTO,MUITO BEM ESCRITO,

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