sábado, 6 de novembro de 2010

Jacaré reconvida: amanhã 10:30 bate papo...

... num cantinho da esquina para criação e organização da festa dos 100 ano de Noel em 11 de dezembro

enquanto o bate papo não vem, Jacaré bate esse papo sobre a cultura e seu tempo

1984, ano I da Era Orwell

enquanto os mortais
aceleram urânio
a borboleta
por um dia imortal
elabora seu vôo ciclâmen

Haroldo de Campos




Há que se abaixar a temperatura para que não se queimem os livros a là Fahrenheit 451
e
inda bem
que as imagens assumiram suas vidas de retorno
e
salvaram Monteiro Lobato
das chamas


Sítio do Pica-Pau Amarelo

Gilberto Gil
Marmelada de banana, bananada de goiaba
Goiabada de marmelo
Sítio do Pica-Pau amarelo
Sítio do Pica-Pau amarelo

Boneca de pano é gente, sabugo de milho é gente
O sol nascente é tão belo
Sítio do Pica-Pau amarelo
Sítio do Pica-Pau amarelo

Rios de prata, pirata
Vôo sideral na mata, universo paralelo
Sítio do Pica-Pau amarelo
Sítio do Pica-Pau amarelo

No país da fantasia, num estado de euforia
Cidade polichinelo
Sítio do Pica-Pau amarelo
----------------------------------------------------------------------------------------------
Sem conciliar com qualquer tipo de preconceito e racismo, Jacaré, que deve ter os dinossauros como ancestrais, não aceita também o obscurantismo, pede passagem, saúda Elis Regina em duas interpretações musicais com letras contraditórias que ficarão, como os escritos de Sartre, para todo o tempo

- Nada nos bolsos, nada nas mãos... da vida deixo meus escritos que ficarão para serem lidos (Jean Paul Sartre)

Nega do cabelo duro

Ah! Ouve essas fonte murmurantes
Onde eu mato minha sede
E onde a lua vem brincar
Ah! Esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil, brasileiro
Terra de samba e pandeiro

Brasil, pra mim, Brasil,
Brasil, pra mim

Nega do cabelo duro
Qual é o pente que te penteia
Qual é o pente que te penteia
Qual é o pente que te penteia, ô nega

Teu cabelo está a moda
E o teu corpo bamboleia
Minha nega, meu amor
Qual é o pente que te penteia, ô nega

Brasil, pra mim, Brasil, pra mim
Brasil



Black is beautiful

Hoje cedo, na rua Do Ouvidor
Quantos brancos horríveis eu vi
Eu quero um homem de cor
Um deus negro do Congo ou daqui
Que se integre no meu sangue europeu
Black is beautiful, black is beautiful
Black beauty so peaceful
I wanna a black I wanna a beautiful
Hoje a noite amante negro eu vou
Vou enfeitar o meu corpo no seu
Eu quero este homem de cor
Um deus negro do congo ou daqui
Que se integre no meu sangue europeu
Black is beautiful, black is beautiful
Black beauty so peaceful
I wanna a black I wanna a beautiful


Samba Enredo 1967 - o Mundo Encantado de Monteiro Lobato
G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira
Composição: Hélio Turco, Darci, Jurandir, Batista e Luiz
Na voz de Elza Soares


Foto copiada da página do Samba Rio

Quando uma luz divinal
Iluminava a imaginação

...
Sublime relicário de criança
Que ainda guardo como herança
No meu coração
...
Da literatura infantil
Enriquecem o cenário do brasil
...
E assim...
E assim
Neste cenário de real valor
Eis... o mundo encantado
Que monteiro lobato criou

4 comentários:

  1. Não tenho opinião formada sobre essa discussão, mas penso que é importante ouvir os negros. Desde que começaram a polemizar essa questão, fiquei pensando que falar sobre preconceito é tabu na sociedade brasileira, pois historicamente se parte do princípio do mito da democracia racial.
    Se dermos uma lida na sociologia das primeiras décadas do século passado, vamos encontrar em Caio Prado, Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre, relatos bastante semelhantes aos de Monteiro Lobato. Acredito que não se deve naturalizar o desprezo pelo diferente, principalmente na infância.
    Não tenho respostas, mas gosto muito das perguntas que fazem com que revolvamos nossa própria história e pensemos acerca do futuro.
    Não tenho filhos, mas tenho uma certeza: quando os tiver não quero que cresçam ouvindo histórias que menosprezem e desqualifiquem quem quer que seja.
    Um abraço universal.
    Leila Sales.

    ResponderExcluir
  2. As discriminações sociais precisam ser combatidas e minha geração, pós guerra, passou por um país racista até o final da década de sessenta e tranformador a partir da onda mundial contestadora iniciada em 1968 - e no Brasil era a terrível ditadura.

    Os movimentos sociais reduziram as discriminações contra raça e sexo, mais ainda pouco já no século XXI quanto à opção sexual. Vide a hipocrisia da entrada em cena do união homosexual nas eleições ganha por Dilma.

    Sou filiado ao PT e não concordei com o recuo na campanha nos temas aborto e união homosexual - aquele foi um momento rico de enfrentamento. Essa história ficará escrita para sempre e servirá para enteder essa nossa época.

    Chegando ao racismo, no sul, em especial, Santa Catarina o racismo é contra o alemão imigrante. Na amazônia, contra o índio. No Rio foi contra o portugeês que era tratado depreciativamente como galego e burro. Em São Paulo contra nordestinos - paraíba pau de arara.

    Na legislação eleitoral, contra os analfabetos é uma discriminação.

    Contra os negros a discrminação era nacional e está escrita nos nossos livros, canções, imagens, memórias e muito mais. Na minha opinião, para combater é necessário conhecer senão é dogma sem reflexão.

    O professor tem debater com os alunos que ao lerem livros de uma época estarão sentindo como o mundo mudou para melhor - EXCETO QUANTO ÀS GUERRAS.

    Um abraço galaxial

    sergio rosa

    ResponderExcluir
  3. Estou gostando do debate e gostaria de inserir na pauta o preconceito contra os mitos pois estou aqui amarrado na África e só dou uma saidinha quando tem Jacaré.

    Ah, Leila, minha tristeza você bem sabe de onde vem. Vem da mulher, essa Thetis que tentei dar um pegadinha e a mãe dela me transformou em pedra śo porque eu era feio.

    Depois veio o tal Camões e me escreveu num poema. Em Portugal me transformaram em navio de passageiros. Tudo isso um saco.

    Mas depois Noel Rosa me salvou mandando-me em mim uma cachopa para viajar para Portugal.

    Finalmente a turma de Vila Isabel fundou o Bloco do Jacaré e me convida para cada festa e como a Thetis às vezes não vem, eu trago a Luz Del Fuego nua e enrolada em cobras.

    Cordiais saudações

    Adamastor das Tormentas

    ResponderExcluir
  4. Essa nossa conversa me fez lembrar que na Gaia Ciência, Nietzsche dizia que a liberdade é um fardo de inquietações, daí os homens não desejarem ser livres, preferindo a segurança e a submissão, já que flertam o tempo todo com as tentações do Poder.
    Falar, debater, faz girar a roda do pensamento e não cria falsos consensos. Ainda bem que existe a arte, que retira a mediocridade do cotidiano, libertando inclusive o Adamastor apaixonado, que pode dançar e cantar no meio da rua com sua Luz del Fuego.

    Abraço de domingo.
    Leila Sales

    ResponderExcluir