sexta-feira, 12 de novembro de 2010

11 dezembro e a Hora da Estrela

Jacaré assim falou, a festa dos cem anos de Noel é a Hora da Estrela. Bastou isso para Clarice Lispector lhe soprar:

"Meditar não precisa de ter resultados: a meditação pode ter como fim apenas ela mesma. Eu medito sem palavras e sobre o nada. O que me atrapalha a vida é escrever.

E- e não esquecer que a estrutura do átomo não é vista mas sabe-se dela. Sei de muita coisa que não vi. E vós também. Não se pode dar uma prova da existência do que é mais verdadeiro, o jeito é acreditar

Porque há o direito ao grito. Então eu grito"

Após seu grito, Jacaré pensou: para o boneco do Noel Rosa vir andando da estátua até a esquina será preciso um mecansimo. Dessa vez Bruno Tolentino assim falou:

MECANISMOS
Bruno Toelentino

Havia um azul sereno
naquele roxo florindo,
o jardim dava no tempo
e o tempo passava rindo.

É tudo de que me lembro.
Quase nada do que sinto.
Deu-se a flor ao pensamento
entre a memória e o instinto.

O mais é aquilo que invento,
as músicas que mal digo,
orvalhos que ficam sendo
daquele jardim antigo.



jacaré foi então à vitrola, olhou para o céu aí de cima e cochichou com Noel, canta!

E Noel falou, só se for com Aracy

O orvalho vem caindo
Noel Rosa, Kid Pepe e Almirante

O orvalho vem caindo
Vai molhar o meu chapéu
E também vão sumindo
As estrelas lá no céu
Tenho passado tão mal
A minha cama é uma
folha de jornal

Meu cortinado é o vasto céu de anil
E o meu despertador é o guarda civil
Que o salário ainda não viu

O meu chapéu vai de mal a pior
E o meu terno pertenceu a um defunto maior
Dez tostões no Belchior

A minha sopa não tem gosto, nem tem sal
Se um dia passo bem, dois e três passo mal
Isto é muito natural

A minha terra dá banana e aipim
Meu trabalho é achar quem descasque por mim
Vivo triste mesmo assim

2 comentários:

  1. Jacaré

    Ve se anuncia que, na festa dos 100 anos de Noel Rosa, teremos um palco montado no local da estátua e outro na esquina do Jacaré, além de carro de som para a caminhada...

    Gostaria de saber também se Adamastor virá à festa.

    Sergio Rosa

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  2. Li um monte de poesias, tomei café, comprei um enfeite para o cabelo, tentei ler um artigo...muito chato ficar sem os meus companheiros nesse blog, então vou exercer o direito ao grito: QUERO MEUS AMIGOS DE VOLTA, NEM QUE SEJA VIRTUALMENTE! E lá vai um presentinho de Alberto Caiero:
    Bendito seja o mesmo Sol

    Bendito seja o mesmo Sol
    Bendito seja o mesmo Sol de outras terras
    Que faz meus irmãos todos os homens
    Porque todos os homens, um momento no dia, o olham como eu,
    E, nesse puro momento
    Todo limpo e sensível
    Regressam lacrimosamente
    E com um suspiro que mal sentem
    Ao homem verdadeiro e primitivo
    Que via o Sol nascer e ainda o não adorava.
    Porque isso é natural — mais natural
    Que adorar o ouro e Deus
    E a arte e a moral ...

    Leila Sales.

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