sábado, 12 de outubro de 2013

Jacaré no dia das crianças saúda Pagu, Norma Bengell, Vinicius de Moraes e vai parar na Boite Azul


Jacaré acordou sábado com vontade de homenagear Norma Bengel do teatro às ruas contra ditadura.


Transformadora na arte e nos costumes do primeiro nu frontal no cinema brasileiro nos Cafajestes




Nesse momento de pensar, Jacaré abriu o livrão "O homem do Povo", que lhe foi emprestado pelo quase jacarense João Studart, jornal de Oswald e Pagu, e foi ao cinema ver Pagu:

Olha quem Jacaré encontrou !



- Encontrou Norma Bengell dirigindo o filme

Duas mulheres brasileiras, Moraes Moreira cantou e Jacaré, biruta de aeroporto, leu poesia de Pagu, do início ao fim:

NOTHING

Nada nada nada
Nada mais do que nada
Porque vocês querem que exista apenas o nada
Pois existe o só nada
Um pára-brisa partido uma perna quebrada
O nada

Três meninas do Brasil, três corações democratas
Tem moderna arquitetura ou simpatia mulata
Como um cinco fosse um trio, como um traço um fino fio
No espaço seresteiro da elétrica cultura
Deus me faça brasileiro, criador e criatura
Um documento da raça pela graça da mistura
Do meu corpo em movimento, as três graças do Brasil
Têm a cor da formosura
Se a beleza não carece de ambição e escravatura
E a alegria permanece e a mocidade me procura
Liberdade é quando eu rio na vontade do assobio
Faço arte com pandeiro, matemática e loucura



Fisionomias massacradas
Tipóias em meus amigos
Portas arrombadas
Abertas para o nada
Um choro de criança
Uma lágrima de mulher à-toa
Que quer dizer nada
Um quarto meio escuro
Com um abajur quebrado
Meninas que dançavam
Que conversavam
Nada



Serenatas do Brasil, eu serei três serenatas
Uma é o coração febril, a outra é o coração de lata
A terceira é quando eu crio na canção um desafio
Entre o abraço do parceiro e um pedaço de amargura



Um copo de conhaque
Um teatro
Um precipício
Talvez o precipício queira dizer nada
Uma carteirinha de travel’s check
Uma partida for two nada
Trouxeram-me camélias brancas e vermelhas
Uma linda criança sorriu-me quando eu a abraçava
Um cão rosnava na minha estrada
Um papagaio falava coisas tão engraçadas
Pastorinhas entraram em meu caminho
Num samba morenamente cadenciado
Abri o meu abraço aos amigos de sempre
Poetas compareceram
Alguns escritores
Gente de teatro
Birutas no aeroporto
E nada.



Ao ver o desenho de criança, a jacarense Rachel puxou-lhe a orelha e disse:

- ô cara, hoje é dia da criança, vamos cantar com Toquinho a rir ou chorar numa aquarela

Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo...
...
Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho
Azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota
A voar no céu...

É tanto céu e mar
Num beijo azul...
Entre as nuvens
Vem surgindo um lindo
Avião rosa e grená

Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida...
De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo



Depois Jacaré entrou na Casa engraçada pois foi visitar Vinicius de Moraes 



Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela, não
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Na rua dos bobos, número zero



Mas foi só se encontrar com Vinícius que os dois foram parar num Bar e depois Jacaré foi acabar a noite na boite Azul,


Doente de amor procurei remédio na vida noturna
Como uma flor da noite em uma boate aqui na zona sul
A dor do amor é com outro amor que a gente cura
Vim curar a dor deste mal de amor na boate azul
E quando a noite vai se agonizando no clarão da aurora
Os integrantes da vida noturna se foram dormir
E a dama da noite que estava comigo também foi embora
Fecharam-se as portas sozinho de novo tive que sair
Sair de que jeito, se nem sei o rumo para onde vou
Muito vagamente me lembro que estou
Em uma boate aqui na zona sul
Eu bebi demais e não consigo me lembrar se quer
Qual é o nome daquela mulher, a flor da noite da boate azul




E não se esqueçam, o Bobó será dia 27, assim falou Jacaré

E os convites estão acabando, assim falou o pregoeiro.






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