segunda-feira, 18 de março de 2013

Jacaré volta às páginas de si próprio e anuncia a festa do trabalhador


Tempos de recato em seu canto dão espaço agora à organização da próxima festa jacarense que começa com esse poema de Eduard Estlin Cummings,  e. e. cummings, sugerido pelo jacarense Luciano e Augusto de Campos:

Eduard Estlin Cummings

na estrênua brevidade
Vida:
realejos e abril
treva, amigos

eu me lanço rindo.
Nas tintas fio-de-cabelo
da aurora amarela,
no ocaso colorido de mulheres

eu sorrisando
deslizo.   Eu
na grande viagem escarlate
nado, dizendomente;

(Você sabe?) o
sim, mundo
é provavelmente feito
de rosas & alô:
(de atélogos e,cinzas) 

  Turismo no Acheronte. Cicerone : Dante

Na mesma mesa do bar do amigo jornaleiro Vitor, em Vila Isabel, na mesma conversa, o jacarense Sergio Rosa lembrou que Brecht e Drummond  criticaram deliciosamente os que andam com pressa do nada e a urgência de chegar a lugar nenhum refletindo sobre o inferno:

Refletindo, ouço dizer, sobre o inferno
Meu irmão Shelley achou ser ele um lugar
Mais ou menos semelhante a Londres.
Eu que não vivo em Londres, mas em Los Angeles
Acho, refletindo sobre o inferno,
que ele deve Assemelhar-se mais ainda a Los Angeles.

Também no inferno existem, não tenho dúvidas,
esses jardins luxuriantes
Com as flores grandes como árvores,
que naturalmente fenecem
Sem demora, se não são molhadas com água muito cara.
E mercados de frutas com verdadeiros montes de frutos,
no entanto sem cheiro nem sabor.
E intermináveis filas de carros
Mais leves que suas próprias sombras, mais rápidos
Que pensamentos tolos, automóveis reluzentes,
nos quais gente rosada, vindo de lugar nenhum,
vai a nenhum lugar.

E casas construídas para pessoas felizes, portanto vazias
Mesmo quando habitadas.
Também as casas do inferno não são todas feias
Mas a preocupação de serem lançados na rua
Consome os moradores das mansões
não menos que os moradores dos barracos.
 
Depois de um Underbeg, os jacarenses Rachel, Berg e João Guerreiro  trouxeram o aniversário de Castro Alves à mesa, assim:

A um coração   Ai! Pobre coração! Assim vazio
  E frio
  Sem guardar a lembrança de um amor!
  Nada em teu seio os dias hão deixado!…
  É fado?
  Nem relíquias de um sonho encantador? Não, frio coração! É que na terra
  Ninguém te abriu…Nada teu seio encerra!
  O vácuo apenas queres tu conter!
  Não te faltam suspiros delirantes,
  Nem lágrimas de afeto verdadeiro…
  - É que nem mesmo o oceano inteiro
  Poderia te encher!


Mais uma cerveja e todos os jacarenses recitaram Leminski

acordei bemol
tudo estava sustenido
sol fazia
só nã fazia sentido

The end
com o leão da Metro na Legião Urbana

Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus
Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol-de-botão com seu avô 

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