sábado, 27 de agosto de 2011

Jacaré envaidecido canta Emoriô, recita Invictus e participa do Samba do Jorge na esquina hoje

Nos preparativos para a festa da Primavera de 17 de setembro, Jacaré recebeu esse comentário e compartilha, ao som de Emoriô:



"Acalmando os mares e os ânimos, Emoriô para Adamastor, Luz del Fuego, Thetis e Nosotros. Mas só faz efeito se ouvir com Donato!

Emoriô

ê-emoriô
ê-emoriô
emoripaô

emoriô deve ser
uma palavra nagô
uma palavra de amor
um paladar
emoriô deve ser
alguma coisa de lá
o Sol, a Lua, o céu
de Oxalá

Oi Jacaré tava com saudades!
Leila."


Jacaré leu poesia épica da alma enviada ao ar pela amiga paulista Fernanda Frias:



Invictus

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi'alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

William Ernest Henley

Ao chegar o lá pelas quatro da tarde, no Bar do Costa, o bom será ouvir ao vivo o samba de Jorge Secretário, Tunico e Jonas para a disputa na Vila



"A LUA CLAREIA O SAGRADO EMBONDEIRO
A FAUNA E A TERRA DO SOBA ALTANEIRO
PALANCA NEGRA É O SÍMBOLO REAL
DE UMA NAÇÃO QUE LUTA POR SEUS IDEAIS
RAINHA N'GINGA DEFENDEU COM VALENTIA
O SEU SOLO DE MISTÉRIOS E RIQUEZAS MINERAIS
SUA FAMA ATRAVESSOU SÉCULOS E MARES
INSPIRANDO TODA A LUTA POR PALMARES
ENGANADOS, FORAM ESCRAVIZADOS
OS BANTOS CHEGARAM PRA SANGRAR E TRABALHAR
OS DIREITOS VIOLADOS, FORAM REBATIZADOS
O LEGADO DA RAINHA VEIO PRA FICAR
COM ORGULHO FOI CRIADO
O BRASIL MISCIGENADO
E O AÇOITE NÃO CALOU O SEU CANTAR

AÊ, AÊ, A MINHA ANGOLA
AÊ, AÊ, MEU ANGOLÁ
MEU CANTO É LIVRE E TEM FÉ
N'GANA ZAMBI É QUEM TRAZ
LIBERDADE E PAZ

E ASSIM FICARAM NA MEMÓRIA
AS FESTAS DO DIVINO
SÃO PEDRO, SANTO ANTONIO E SÃO JOÃO
NA CASA DA TIA CIATA
ERA DANÇA, CANDOMBLÉ, BATUQUE E LUNDÚ
ODÉ AO POETA IMORTALIZADO
NO SAMBA DA VILA ISABEL
E O SEMBA DOS ANCESTRAIS
FAZ PARTE DESSA HISTÓRIA DE INDEPENDÊNCIA E GLÓRIA
ANGOLEIRO É KAMBÁ, É IRMÃO
E O MARTINHO É O TRAÇO DE UNIÃO

UM TAMBOR ECOOU EM ALÉM-MAR
E CONTAGIOU MINHA ESCOLA DE SAMBA
A GRAÇA DIVINA QUE VEM DE LUANDA
ILUMINA NOSSAS PRECES À KIANDA"


Outros jacarenses como Rafael Zimmermann e Leonel também apresentarão samba e serão ouvidos nesse Jacaré-espaço vitual-real


e por aqui vamos ficando com um lindo poema angolano

Pedra Filosofal

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

António Gedeão

4 comentários:

  1. Caro editor do Jacaré

    Parabéns por nos trazer António Gedeão, mas o poema não é angolano e sim português de Portugal, como esse:

    Gota de Água

    Eu, quando choro,
    não choro eu.
    Chora aquilo que nos homens
    em todo o tempo sofreu.
    As lágrimas são as minhas
    mas o choro não é meu.

    Sergio Rosa

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  2. Dos meus encontros com congoleses, moçambicanos, guinenses, caboverdianos, saio sempre com a certeza de que somos mais fortes do que pensamos e menos generosos do que consideramos.

    Leila Sales.

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  3. Leila! e Agostinho Neto no deu

    Confiança

    O oceano separou-se de mim
    enquanto me fui esquecendo nos séculos
    e eis-me presente/
    reunindo em mim o espaço
    condensando o tempo.

    Na minha hisória
    existe o paradoxo do homem disperso

    Enquanto o sorriso brilhava
    no canto de dor
    e as mãos construíam mundos maravilhosos

    john foi linchado/o irmão chicoteado nas costas nuas
    a mulher amordaçada
    e o filho continuou ignorante

    E do drama intenso
    duma vida imensa e úti/
    resultou a certeza

    As minhas mãos colocaram pedras
    nos alicerces do mundo
    mereço o meu pedaço de chão.

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  4. Lindo poema.
    Esse povo ainda continua colocando pedras nos alicerces do mundo contemporâneo. Só que por meio de um outro tipo de escravidão,mais perversa e mais invisível que a de tempos passados, agravada pela condição de imigrante ou refugiado em terras onde são sempre vistos como ameaça.
    Tal como naquele romance de Camus, O estrangeiro.
    Leila Sales.

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