quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Saudadeando, Vem meu amor, manda a tristeza embora

é isso aí, Jacaré cai no samba

com Império Serrano

Bumbum paticumbum prugurundum
O nosso samba minha gente é isso aí, é isso aí
Bumbum paticumbum prugurundum,
Contagiando a Marquês de Sapucaí (Eu enfeitei )

Enfeitei meu coração (enfeitei meu coração )
De confete e serpentina

De uma barrica se fez uma cuíca
De outra barrica um surdo de marcação



Na Caprichosos, depois de comer um siri no Caxambi, Jacaré meteu bronca



Oh! Saudade, ô
Meu carnaval é você
Caprichosamente
Vamos reviver, vamos reviver...
"Saudadeando" o que sumiu no dia-a-dia
Na fantasia de um eterno folião
O bonde
O amolador de facas
O leite sem água
A gasolina barata
Aquela Seleção Nacional
E derreteram a taça na maior cara-de-pau
Bota, bota, bota fogo nisso
A virgindade já levou sumiço (bis)
(Quero votar!)
Diretamente, o povo escolhia o presidente
Se comia mais feijão
Vovó botava a poupança no colchão
Hoje está tudo mudado
Tem muita gente no lugar errado
Onde andam vocês, ô ô ô
Antigos carnavais?
Os sambistas imortais
Boldados de poesia
Velhos tempos que não voltam mais
E no progresso da folia...
Tem bumbum de fora pra chuchu
Qualquer dia é todo mundo nu... (bis)


Nas andanças Jacaré foi para a
Turma do Funil
com Di Cavalcanti



Quando é tão densa a fumaça
Que o tempo não passa
E a porta do bar já fechou
Quando ninguém mais tem dono
O garçom tá com sono
e a primeira edição circulou
Quando não há mais saudade, nem felicidade
Nem sede, nem nada, nem dor
Quando não tem mais cadeira
tomo uma besteira de pé no balcão
Eis que da porta do fundo
Do oco do mundo
Desponta o cordão
Chegou a turma do funil
Todo mundo bebe
Mas ninguém dorme no ponto
Ah, ah!
Mas ninguém dorme no ponto
Nós é que bebemos
e eles que ficam tontos, morou
Eu bebo sem compromisso
É o meu dinheiro
Ninguém tem nada com isso
Enquanto houver garrafa
Enquanto houver barril
Presente está a turma do funil

Zum, zum, zum - está faltando um

dia para o ano 2011

Jacaré se veste de branco e amarelo e no ciber espaço solfeja com Dalva de Oliveira o Zum-Zum

Oi! Zum, zum, zum,
Zum, zum, zum!
Está faltando um!

Bateu asas, foi embora,
Não apareceu.
Nós vamos sair sem ele,
Foi a ordem que ele deu.

Oi! Zum, zum, zum,
Zum, zum, zum!
Está faltando um!

Ele que era o porta-estandarte
E que fazia alaúza e zum-zum.
Hoje o bloco está mais triste sem ele
Está faltando um.

Pintura de Nelson Sargento

Com muita saudade dos Zuns jacarenses, Jacare, em vez de tomar cha com torradas, tomou Paraty e, misturando tudo, achou que Zum Zum fosse a boate e assim encontrou-se em Copacabana com Caymi e Vinicius e declamou o Dia da Criação



Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na Cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.

Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado.
...
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado.
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado.
Há a perspectiva do domingo
Porque hoje é sábado.


Logo após a criação, Matisse mandou p´ro Jacaré uma mulher tão cheia de pudor que vive nua

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Crônicas da Esquina

Crônicas de uma Esquina 1
CHINELOS – DE – DEDO

Existem coisas das quais não nos desfazemos nunca. Outras, mais pueris, escoam pelos ralos da memória. Destas, não restam senão ralas e imprecisas recordações. Desbotam com os anos que nos desbota a todos. No entanto, as primeiras, trazemos coladas ao corpo e, mesmo invisíveis, podem ser sentidas por uma espécie de olfato genético que não perde seu vigor, malgrado o peso da idade.
São objetos que se não valem mais pelo uso, ajudam a recontar nossa vida, expondo-a tal como ela se oferecia. Claro que eu poderia evocar a calça Lee, o sapato plataforma feito por encomenda, os perfumes Vitess e Lancaster comprados às Importadoras, as camisas Lacoste e mais uma miríade de coisas comuns naquela época.. Mas não. Em primeiro lugar, porque na minha juventude, restrita aos domínios de Marechal Hermes, nunca tive uma calça Lee de verdade e o sapato mais moderno que calcei era um salto carrapeta que me esmagava o calcanhar e o peito do pé. Quanto aos perfumes, usava a Colônia de Alfazema que ficava no pequeno armário do banheiro. Já naquela época, podia-se, pela roupa e pelo cheiro, alinhavar o perfil dos rapazes e moças em uma festa ou roda de esquina, espaço predileto de jovens adolescentes, mas nem sempre tolerado por pais austeros e cuidadosos.
No entanto, refiro-me ao chinelo-de-dedo. Como toda rara invenção, era simples e eficiente por seu multi-uso. Quem nunca foi para a escola com um dos pés devidamente calçado e o outro acomodado no providencial chinelo por conta de um dedão esbagaçado por uma topada ou unha encravada? Era essa a solução materna para evitar a gazeta. Mas o chinelo também prestava-se às mãos. Impróprios para eventuais carreiras, lá se ia ele para entre os dedos. Nessa condição, era também utilizados nas peladas em campos menos conhecidos, pois chegar em casa sem ele, por conta de algum larápio, não era coisa que se passasse em branco. Ainda nas mãos e delas saindo – à maneira de um rústico e desobediente bumerangue – servia para arrematar frutas das árvores e para recuperar objetos que ficavam presos na fiação dos postes que cortavam o conjunto residencial. Era comum a tira arrebentar por conta de algum acidente, mas corrigia-se a pequena avaria atravessando-lhe a tira com pregos e grampos de cabelos. Tinha que ser usado até o fim, até o máximo de sua gastura.
Era comprado nas feiras. De baixo custo e, portanto, bem ao gosto do bolso magro que precisava esticar o curto dinheiro, soltava as tiras, dava chulé e desbotava com facilidade. Depois vieram outras marcas e qualidades. Seu designer evoluiu e assumiu formas mais ortopédicas. O velho chinelo-de-dedo das feiras envergonhou-se e passou a ficar restrito aos limites da casa, local onde não temos vergonha de expor nossos velhos trastes.
Hoje, ao rememorá-lo, e estando eu mesmo com uma legítima havaiana de última geração, brindo àquela infância que mesmo indo tão longe, tão rápido recupero numa simples lembrança de um chinelo-de-dedo cujo cheiro me vem, não mais com a repugnância do chulé, mas como uma fragrância que não tem preço ou griffe. É simplesmente a minha vida revisitada.

Aldo Guerra
Vila Isabel, RJ.
Aldo Guerra

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Jacaré, da Beríngea à Luiza

Jacaré aproveitou a folga das festas natalinas para viajar no tempo e se mandou para a Sibéria fazendo o retorno à América pela Beríngea.



De repente, não mais que de repente, do próximo fez-se o distante e Jacaré lá estava na Austrália e pela Melanésia atravessou Luiza:



E assim voltou ao Brasil cantando La Cumparsita e Cantos Populares na Página das Curiosidades e Culturas


Em suas andanças por Verona sem presente - até porque Jacaré não acredita em Papai Noel, isso é coisa de nórdico envodkado - passado e futuro,
pois é
Jacaré escapiliu da sífilis porque encontrou-se com Girolamo Fracastoro que receitou-lhe batida de mercúrio com guaiaco

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Jacaré em recesso pré finalístico

Atendendo a pedido da Leila, que acordou o Jacaré, este manda um feliz tudo para todos com ressalvas que se seguem:

- A turma natalina tinha mais é que ir p´ra igreja rezar mas tinha um bar no caminho e tudo ficou assim para todo o sempre

- O ano novo voltará no fim do ano que vem, assim podemos ir tomando umas até ele recehegar.

Sendo laico, Jacaré deseja essa feliz Natal:


Sendo Jacaré brasileiro, ele vai p´ra chegança do Rio São Francisco


Por falta de inspiração e por estar tomando um caldo de piranha, Jacaré pede por envio de músicas e poesias ...



Até dia 26

Contribuição enviada por Leila Sales

Quando vi o Rio São Francisco fiquei absolutamente impressionada pela beleza, havia prainhas de areia dourada,canions, cidadezinhas onde garotos nadavam pelados... Na Praia de Touros em Natal, quando a Lua cheia apareceu, quase ninguém dormiu, ficamos olhando e pensando que o Sol estivesse se pondo na água. Lá conheci umas pessoas embrutecidas pela lida diária e que viam a vida de maneira diferente, amavam e eram gentis a seu modo, meio parecido com esse poema de Adélia Prado:

Ensinamento
Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.

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Contribuição enviada por Sergio Rosa

Chegança
Edu Lobo

Estamos chegando daqui e dali
E de todo lugar que se tem pra partir
Estamos chegando daqui e dali
E de todo lugar que se tem pra partir
Trazendo na chegança
Foice velha, mulher nova
E uma quadra de esperança
E uma quadra de esperança
Ah, se viver fosse chegar
Ah, se viver fosse chegar
Chegar sem parar, parar pra casar
Casar e os filhos espalhar
Por um mundo num tal de rodar
Por um mundo num tal de rodar

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Contribuição de Adamastor das Tormentas com o Quarto motivo da rosa de Cecília Meireles



Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.

Rosas verá, só de cinzas franzidas,
mortas, intactas pelo teu jardim.

Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.

E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.

Imagem copiada de Poemas e pensamentos

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Dezessete é minha conta... uma coisa linda p´ra mim

Jacaré foi às Barrancas do Rio Gavião relaxar ouvindo Elomar e Geraldo Azevedo numa cantiga bem à moda da cantigas portuguesas. Para ouvir, como hoje a página está cansada e não aceita inserção de links, caro leitor, se quiser ouvir essa jóia rara, vá em http://letras.terra.com.br/geraldo-azevedo/277416/

Cantiga de amigo

Lá na Casa dos Carneiros
Onde os violeiros
Vão cantar louvando você
Em cantiga de amigo
Cantando comigo
Somente porque você é
Minha amiga mulher
Lua nova do céu que já não me quer
Dezesete é a minha conta
Vem minha amiga e conta
Uma coisa linda pra mim
Conta os fios dos teus cabelos
Sonhos e anelos
Conta-me se o amor não tem fim
Madre amiga é ruim
Me mentiu jurando amor que não tem fim




Lá na Casa dos Carneiros
Sete candeeiros
Iluminam a sala de amor
Sete violas sem clamores
Sete cantadores
São sete tiranas de amor
Pra amiga em flor
Qui partiu e até hoje não voltou
Dezessete é minha conta
Vem minha amiga e conta
Uma coisa linda pra mim
Pois na Casa dos Carneiros
Violas e violeiros
Só vivem clamando assim
Madre amiga é ruim
Me mentiu jurando amor que não tem fim.

Cantigas de escárnio, de amigo, de amor e Drummond nos deu a Cantiga de Viúvo




A noite caiu na minh'alma,
fiquei triste sem querer.
Uma sombra veio vindo,
veio vindo, me abraçou.
Era a sombra de meu bem
que morreu há tanto tempo.

me abraçou com tanto amor
me apertou com tanto fogo
me beijou, me consolou.

Depois riu devagarinho,
me disse adeus com a cabeça
e saiu. Fechou a porta.
Ouvi seus passos na escada.
Depois mais nada...
acabou.

Consta que Sergio Rosa chorou hoje com essa poeisa cantiga e Jacaré sabe porque.


Jacaré fecha os trabalhos com a alegria e sutileza da ironia de Noel Rosa e Heitor dos Prazeres gozando o Pierrot apaixonado dos chatíssimos corsos de Veneza de um carnaval de chorar

Di Cavalcanti


Um pierrô apaixonado
Que vivia só cantando
Por causa de uma colombina
Acabou chorando, acabou chorando

A colombina entrou num butiquim
Bebeu, bebeu, saiu assim, assim

Dizendo: pierrô cacete
Vai tomar sorvete com o arlequim

Um grande amor tem sempre um triste fim
Com o pierrô aconteceu assim
Levando esse grande chute
Foi tomar vermute com amendoim

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O quinze de 1930 a 2010 - pelo Wikleaks

Rachel de Queiroz nos deu O Quinze dramatizando a grande seca de 1915.

Chico Bento, Vicente e Conceição são personagens desse cenário brasileiro

(...) E se não fosse uma raiz de mucunã arrancada aqui e além, ou alguma batata-branca que a seca ensina comer, teriam ficado todos pelo caminho, nessas estradas de barro ruivo, semeado de pedras, por onde eles trotavam trôpegos se arrastando e gemendo (...)

Também Baleia sofreu nas Vidas Secas de Graciliano Ramos


Como a seca, a natureza também manda chuva de 1985 com enchente narrada nas vozes de Roberto Ribeiro, João do Vale, João Nogueira, Gil, Amelinha, Paulinho da Viola, Luiz Carlos da Vila, Elba, Elza, Fagner, Ednardo



Hoje, quinze de dezembro de 2010, a transposição do São Francisco, de onde veio a Carranca do Jacaré e as vinícolas no Cerrado são mudanças feitas pelo homem e São Chico volta a dar ciúmes

Dorme o sol à flor do Chico, meio-dia
Tudo esbarra embriagado de seu lume
Dorme ponte, Pernambuco, Rio, Bahia
Só vigia um ponto negro: o meu ciúme
O ciúme lançou sua flecha preta
E se viu ferido justo na garganta
Quem nem alegre nem triste nem poeta
Entre Petrolina e Juazeiro canta
Velho Chico vens de Minas
De onde o oculto do mistério se escondeu
Sei que o levas todo em ti, não me ensinas
E eu sou só, eu só, eu só, eu
Juazeiro, nem te lembras dessa tarde
Petrolina, nem chegaste a perceber
Mas, na voz que canta tudo ainda arde
Tudo é perda, tudo quer buscar, cadê
Tanta gente canta, tanta gente cala
Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme


Hoje Assenge, o homem do wikleaks está preso, por supostamente, transar sem camisinha na Suécia. Mas está preso mesmo é por enfrentar o Rico e Arrogante Ocidente ao divulgar matérias contando diabos que estam escondidos do mundo



Jacaré é pela liberdade de expressão e canta Zé Keti com Nara Leão

Podem me prender, podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião.
Daqui do morro eu não saio não, daqui do morro eu não saio não.
Se não tem àgua, eu furo um poço
Se não tem carne, eu compro um osso e ponho na sopa
E deixo andar, deixo andar
Fale de mim quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã, seu doutor
Estou pertinho do céu
Podem me prender, podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião
Daqui do morro eu não saio não, daqui do morro eu não saio não...
Podem me prender , podem me bater, que eu não mudo de opinião, que eu não mudo de opinião...