domingo, 19 de fevereiro de 2017

Alegria, alegria nos olhos verdes da mulata, assim falou Jacaré com Noel Rosa para a festa de sexta - 24 de fevereiro comemorando 6768 anos arte


é Alegria, Alegria 

  Baile infantil às 17 horas

 Baile adulto às 20 horas

numa deliciosa batalha de confetes
sob a luz da dindinha Lua

Visconde de Abaeté com Torres Homem
Vila Isabel

 

São cinquentas anos do Tropicalismo digeridos antropofagicamente, pois só a antropofagia nos une, com Noel Rosa,  Semana de Arte Moderna e Woodstock.

Jacaré vai aos números em anos arte somando 1922 da Semana de Arte Moderna, 1967 do Tropicalismo, 1969 do Woodstock 1910 de Noel Rosa são pois:

                 Sete mil, setecentos e sessenta oito anos arte
                        ao                                                  som                   de

Caminhando contra o vento                    O sol se reparte em crimes,
Sem lenço, sem documento                    Espaçonaves, guerrilhas
No sol de quase dezembro                      Em cardinales bonitas
Eu vou                                                     Eu vou
Em caras de presidentes                            Por entre fotos e nomes
Em grandes beijos de amor                        Os olhos cheios de cores
Em dentes, pernas, bandeiras                    O peito cheio de amores vãos
Bomba e brigitte bardot                             Eu vou
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou

Por que não, por que não



Ela pensa em casamento                                 Eu tomo uma coca-cola  
E eu nunca mais fui à escola                           Ela pensa em casamento
Sem lenço, sem documento,                           E uma canção me consola
Eu vou                                                             Eu vou

Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome sem telefone
No coração do brasil



Ela nem sabe até pensei                     Sem lenço, sem documento
Em cantar na televisão                       Nada no bolso ou nas mãos
O sol é tão bonito                                Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou                                                 Eu vou

Por que não, por que não...

E um curioso passante perguntou ao Jacaré:

- O que tem Noel Rosa a ver com a Tropicália ?
- Tudo, respondeu Jacaé sem mais delongas

Noel é como a Mangueira, não tem explicação como cantou Clementina de Jesus, que Noel a considera uma grande tropicalista.


Vista assim do alto,
Mais parece o céu no chão.
Sei lá,
Em Mangueira a poesia
feito o mar se alastrou,
E a beleza do lugar...
Pra se entender, tem que se achar,
que a vida não é só isso que se vê,
é um pouco mais.
Que os olhos não conseguem perceber,
E as mãos, não ousam tocar,
E os pés, recusam pisar.


Reparem o verde e rosa em Noel


Sei lá, não sei, sei lá, não sei lá...
Só sei que toda a beleza de que lhes falo,
Sai tão somente do meu coração.

Em Mangueira a poesia,
Num sobe e desce constante,
Anda descalço ensinando,
Um modo novo da gente viver,
De cantar, de chorar, de sofrer.

Sei lá, não sei, sei lá, não sei lá,
A Mangueira é tão grande
Que nem cabe explicação.


Dando os trâmites por findos, Jacaré exalta a mulata que alguns blocos da Liga das Chatices e Caretices resolveram retirar de seus repertórios:

- Salve a mulata ! Ala la ô !


Chega de pré conceito, amar é preciso, assim Jacaré leu o belo  artigo da historiadora Lita Chastan, na página de Lígia Benevides.

 "História da Península Ibérica, que a palavra mulata é corruptela do termo árabe muwallad (mualad, mulad, mulata).
 .
Muwallad, mualad, mulad, mulata. Palavra doce e musical."


Caribé


Cantemos pois, tropicaliamente, OS OLHOS VERDES DA MULATA, com Caetano e Gil em Tropicália


Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés, os caminhões
Aponta contra os chapadões, meu nariz

Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país

Viva a bossa, sa, sa

Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça

“La mulata Cartagenera”, 1940,
 de Enrique Grau Araújo


O monumento é de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde atrás da verde mata
O luar do sertão


O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga,
Estreita e torta
E no joelho uma criança sorridente,
Feia e morta,
Estende a mão

Viva a mata, ta, ta

Viva a mulata, ta, ta, ta, ta


No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina

Lan, do acervo pessoal de um jacarense

E faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira entre os girassóis

Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia

No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança a um samba de tamborim

Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores
Ele pões os olhos grandes sobre mim

Gabriela, Sônia Braga, Aquarius
Prêmio Ibero-Americano de Cinema Fênix

Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma

Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça

Porém, o monumento
É bem moderno
Não disse nada do modelo
Do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem

Viva a banda, da, da
Carmen Miranda, da, da, da da.

FORA TEMER, assim falou Jacaré


Aquarius: a resistência é um lugar solitário

O filme de Kleber Mendonça Filho é a história de uma mulher que se recusa, ponto. E assim resistimos; sozinhas, mas todas juntas.



5 comentários:

  1. Jacaré, parabéns pelo enredo e pela conversa com a música popular. Com certeza estaremos em mais essa festa do povo de Vila Isabel.

    Sônia e Ricardo.

    ResponderExcluir
  2. A coluna do Ricardo Cravo Alvim no Dia traz uma boa abordagem sobre a beleza da mulata cantada por Lamartine Babo : "branca é branca, preta é preta mas a mulata é a tal !".

    ResponderExcluir
  3. É na esquina das ruas Visconde de Abaeté com Torres Homem. Vila Isabel, naturalmente...
    Vamos que vamos!

    ResponderExcluir
  4. Estou indo para o Jacaré da melhor festa da sexta de carnaval.

    Flávia

    ResponderExcluir
  5. Eu não fui. Mas me lembrei o tempo todo.
    Leila.

    ResponderExcluir