sábado, 9 de novembro de 2013

Bar do Costa fechou as portas. Jacaré com Noel e Quincas Berro D´Água juntam Quimera e Phoenix para a dificuldade enfrentar e abrem uma cachaça de rolha.



Jacaré entende do riscado e por isso risca do caderno a Quimera que esfuma mas não apaga a  Phoenix que nele mora


Risque, assim falaram Nelson Gonçalves e Ary Barroso ao se juntarem à  dor do Jacaré, com muita dor de corno

Risque, meu nome do seu caderno
Pois não suporto o inferno
Do nosso amor fracassado
Deixe, que eu siga novos caminhos
Em busca de outros carinhos
Matemos nosso passado
Mas, se algum dia, talvez, a saudade apertar
Não se perturbe, afogue a saudade
Nos copos de um bar
Creia, toda a quimera se esfuma
Como a brancura da espuma
Que se desmancha na areia


O bar do Costa fechou as portas para sempre.
Foi a cena vista numa noite de domingo.
Mas Jacaré, mitológico jumguiano, sai a chamar:

- Phoenix ! Fênix ! 


Jacaré, vendo sua sede desligada, chora, chora, vaga e sussurra uma tristeza : que faço eu da vida sem você ?

E nesse desespero em que eu me vejo
Já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só pra ver se te encontro

Você bem que podia perdoar
E só mais uma vez me aceitar
Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
e te querendo eu vou tentando me encontrar

E vejam, a história se repete, mas dessa vez  não como farsa.

No fundo do porão do Bar do Costa, aonde morava  o Boneco de Noel Rosa, amuleto do Jacaré... lá, quado Noel descansava, um oficial de justiça o tomou das mãos do artista Jorge Crespo


diz-se que naquele porão, nessa hora, ouvia-se esse som meio João Ninguém:

João Ninguém
Que não é velho nem moço
Come bastante no almoço
Pra se esquecer do jantar...
Num vão de escada
Fez a sua moradia
Sem pensar na gritaria
Que vem do primeiro andar


João Ninguém não trabalha um só minuto
E vive sem ter vintém
E anda a fumar charuto
Esse João nunca se expôs ao perigo
Nunca teve um inimigo
Nunca teve opinião

Crespo olhou p'ra Noel e foi aí que a História se repetiu no encontro de Quincas Berro D'Àgua com Noel Rosa.


Formou-se o Bloco Noturno em busca de um barco,  juntado-se Jorge Amado e Gereba cantando o Baião de Quincas

 no breu da noite era lua era estrela
 no caminho da cais
 Berro D'água tropeçou



Assim Noel Rosa e Berro D'Água foram para o Cabaré dar uns beijinhos nas meninas, na Ladeira da Montanha onde mora Castro Alves.

No Cabaré, pela primeira vez, Quincas arrumou briga ao esticar a perna e derrubar uma dama.



Noel pacificou e foram para o mar, dessa vez com Caymmi acalentando que é doce morrer no mar

É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar
É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar
A noite que ele não veio foi
Foi de tristeza prá mim
Saveiro voltou sozinho
Triste noite foi prá mim
É doce morrer... 
 Saveiro partiu de noite foi
Madrugada não voltou
O marinheiro bonito
Sereia do mar levou
É doce morrer...
Nas ondas verdes do mar meu bem
Ele se foi afogar
Fez sua cama de noivo
No colo de Iemanjá
É doce morrer..




Mas não se enganem não, Jacaré é Phoenix e convida todos a voar o vôo da águia amiga da raposa com sete cantigas p'ra voar


Cantiga de roça
De um cego apaixonado
Cantiga de moça
Lé do cercado
Que canta a fauna e a flora
E ninguém ignora
Se ela quer brotar
Bota uma flor no cabelo
Com alegria e zelo
Para não secar
Voa, voa no ar...

Cantiga de ninar
A criança na rede
Mentira de água
É matar a sede:
Diz pra mãe que eu fui para o açude
Fui pescar um peixe
Isso eu num fui não
Tava era com um namorado
Pra alegria e festa
Do meu coração
Voa, voa, azulão... 


E se a gente quiser ele vai voltar

Na volta passar por Itapoã com Gil e Toquinho

Abre uma cachaça de rolha, 
assim falou Jacaré

3 comentários:

  1. Não há nada que me deixe mais triste e ao mesmo tempo questionando tantas coisas que acreditei e acredito. Do que estou falando?
    Da prisão de Genuíno. Nunca mais esqueço quando vi uma foto dele amarrado à uma árvore, preso que foi na guerrilha do Araguaia. Talvez eu seja ingênua, mas está sendo muito difícil aceitar sua condenação e prisão.
    Leila Sales.
    *fugindo um pouco da tônica do blog.

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  2. Leila

    Fujo também a finalidade do blog e junto-me a você na tristeza por Genuíno torturado pela segunda vez e também dessa vez vítima da mídia reacionária e corrupta aliada do torturador do Araguaia : major curió.

    Estou de luto e com força para continuar a lutar.

    Sergio Rosa

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  3. Anônimo disse...

    Lá vai um poema do Thiago de Mello pra vcs. dois: Genoíno e Sergio, porque sempre vale a pena lutar:

    Escrevo esta canção porque é preciso
    Se não escrevo, falho com o pacto
    Que tenho abertamente com a vida.

    E é preciso fazer alguma coisa
    Para ajudar o homem.

    Mas agora.
    Apesar do próprio homem, ainda é tempo.
    É tempo.

    Leila Sales.
    18 de novembro de 2013 20:55

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