domingo, 28 de setembro de 2008

Você não gosta de mim mas sua Vila gosta

E agora, vereador – assim mesmo, no minúsculo que é o máximo da sua
popularidade em Vila Isabel - ? O que dizer de toda uma esquina
apinhada de gente, cantando alegre o velho coro de " Você não gosta
de mim, mas a Vila gosta" ? Esse Você, tartamudo representante de si
mesmo, somos nós do Bloco Eu sou eu e Jacaré é bicho d'água. Lembra
daquela autorização negada para fecharmos a esquina para a Festa da
Primavera? Pois é, virou letra morta perante a multidão que a invadiu
e, como as flores, brotou do asfalto ao ritmo do " não põe corda no
meu bloco" do grande Aldir Blanc, aliás muito bem lembrado nessa hora.
Era o povo, vereador, lembrando seu nome com risos de escárnio e
deboche. Por que será? Por que seu nome desafina nos ouvidos daqueles
que amam esse bairro de Princesa? É simples como um sorriso de
criança, vereador. Vila Isabel pulsa samba, bebe alegre os goles de
alegria que jorram dos versos de Noel, Martinho e tantos outros. Vila
Isabel não precisa de quem não deseja outra coisa senão ser uma
espécie de alcaide do moribundo alcaide César Maia. Pois é, acabou a
brincadeira. Sua fada madrinha não emplaca, não decola. Que coisa,
vereador! A degola parece inevitável, mas pode ser que você consiga
manter o seu gabinete na Cinelândia para continuar fazendo o que mais
gosta: nada. Certamente seus eleitores merecem tê-lo à frente de um
Exército de Brancaleone.
Mas esqueçamos a política eleitoreira – afinal a sua laia não é dígna
de ser um membro da verdadeira Pólis grega – e falemos um pouco mais
da festa para a qual o bairro esqueceu de lhe dar um convite. Foi uma
beleza, vereador, todos aqueles tons de azul e branco celebrando
aquela festa que quisera proibida como se fôssemos um bando de
alucinados. Mas não, vereador. Estavam lá o Carmelitas de Santa
Teresa, o Barangal de Ipanema, o Sorri prá Mim de Vila Isabel, a
rapaziada do Saco de Noel que se reúne no Planeta do seu amigo
Manelzinho, o pessoal do Nem Muda nem sai de cima da Garibaldi e,
claro, representantes da Velha Guarda da Vila Isabel. Todos maiúsculos
e encantados com nosso paleozóico mascote.
Encerramos rigorosamente no horário, como sempre, aliás. Nunca
aviltamos os ouvidos dos vizinhos e, por isso, ocupamos o Esquina
desde 2000 sem nenhum problema com ninguém, até o vereador decidir,
sabe-se lá movido por quais estranhas influências, que não éramos
benvindos. Mas o tiro saiu pela culatra, e lá estávamos nós,
embelezando a tarde-noite de felizes vilabelenses. Somos assim,
vereador, nascemos para trazer à Esquina o que há de melhor em Vila
Isabel. Agora, só nos resta esperar por outubro, mas não com a mesma
ansiedade, quase medo, com que o vereador aguarda. Mas fica aqui,
apesar dos pesares, nosso abraço jacarense.

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