segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

A Vila Isabel acordou triste, nosso Agostinho partiu

 

A cerveja tá gelada

Abre uma e é pra já, assim cantava o Jacaré para o amigo Agostinho


Tomazi, freguês costumeiro, gostava de tomar um maracujá

Teve uma noite que Agostinho sonhou que o Tomazi não tinha pago uma das doses, foi o dia inteiro de discussões dos frequeses depondo a favor e contra o Agostinho, no final rolou maracujá pra todo mundo



O bar do Costa era assim quando o Aldo, indignado porque o bar não abriu no carnaval,  escreveu essa carta aberta ao Augustinho:

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Caro Augusto

Crônicas de Esquina 10 

Desculpas à parte, permita-me dirigir-lhe algumas palavras à guisa de protesto. Tenho quase a certeza de que os motivos que me levaram à crônica sejam mesmo uma espécie de sentimento coletivo compartilhado por todos aqueles que, dia após dia, pagam-lhe uma espécie de dízimo que lhe engorda o cofre, apesar das costumeiras reclamações.

Mas vamos aos fatos. Não é de bom alvitre, meu caro gajo, relegar-nos à condição de órfãos em pleno carnaval. Afinal, a ordem do Rei, submetendo-nos a idas e vindas por conta de bandas improvisadas, acrescenta-nos uma cota extra de sede. E como esta precisa ser morta, somos obrigados a vagar por aí, como aqueles que se perdem num deserto de raros oásis. Dirá você que exagero. Pode ser, mas quem começou? Acaso não é um grande exagero cerrar as portas do venerável bar sem consulta prévia aos seus não menos veneráveis usuários? Como dependentes químico-emocionais dessa esquina, longe dela caminhamos trôpegos como os coxos.

Antes que me diga, sei dos inúmeros bares que se escancaram e vendem – às vezes mais barato – os mesmos produtos que o seu. Mas, convenhamos, não é a mesma coisa. Onde estará o Luiz com seu mau-humor de mentirinha? E o Pontes, sempre solícito? Onde encontrar o atrapalhado Zé e o espaçoso Chico, esse Salles reinventado? Como ouvir a hecatombe de palavrões do Tuninho e o silêncio sepulcral do Ramos? E mais: com quem discutir por conta de uma cerveja mal comandada, mas que exige ser paga, ainda que outra vez? Não. Não é justo, dileto amigo. Mesmo em mesas outras, reclamamos por nosso espaço. Fora dele, somos quase estrangeiros. Além disso, responda-me: quem, em pleno gozo de um juízo perfeito, aturaria o Beça, Menudo, Tunico, Serginhos, o Bira com suas brincadeiras de 0800, a purrinha do Athayde e a apropriação indébita de pequenos petiscos que o Manoel tanto aprecia?

O fechamento do bar durante as festas momescas teve requintes de crueldade. Eu juro que vi o Vitório sentado no meio-fio chorando feito criança abandonada. De minha parte, fui mesmo mal-educado deixando de cumprimentar o seu Carlinhos só porque não o reconheci sentado em outro bar. E você, augusto patrício, é o único culpado. Foi você, nobre galego, quem submeteu à clausura – mantido a pão e água – nosso amigo Sérgio Rosa. Em sua lusa maldade, deixou o pobre Edinho entregue à própria sorte, um quase peregrino pelas ruas de Vila Isabel. Agora mesmo, quando preciso encerrar a crônica para comprar cigarros, terei que deparar com o peso de uma esquina vazia, sem sueca e sem purrinha. Ora, francamente, seu Augustinho, que papelão, hein?

Chateadamente, subscrevo-me

Aldo Guerra


E aí, Ramon, hoje não terá o melhor bolinho vagem do mundo.


Jacaré encerra essa mensagem com o presente que Agostinho deu à Juliana na festa de casamento




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