sexta-feira, 18 de março de 2011

Outono, concentremos na lua e acendamos velas coloridas

Jacaré foi ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro assuntar sobre a chegada do outono



além das folhas caídas, encontrou-se com amigos do Jardim Botânico que lhe recitaram um soneto do sec XVIII

Quem viu alguma vez um grande carvalho seco,
Que como adorno algum troféu comporta,
Erguer ainda ao céu a sua velha cabeça morta,
Cujo pé não está firmemente em terra fixado,
Mas que, sobre o campo mais do que meio inclinado,
Mostra os seus braços todos nus e a sua raíz torta,
E, sem folhas que dê sombra, o seu peso suporta
Sobre um tronco nodoso em cem sítios podado;
E, se bem que ao primeiro vento ele deva a sua ruína,
E muito jovem, à sua volta tivesse firme a raiz,
Pelo popular devoto ser o único venerado:
Quem tal carvalho pôde ver, que ele imagine ainda
Como entre os citados, que mais florescem agora,
Este velho símbolo empoeirado é o mais reverenciado.

Joachim Du Bellay, Les Antiquités de Rome

Jacaré pensou, se aqui é outono, no norte é primavera então vamos a ela com Monet



dando seguimento na recepção do outono para amanhã, Jacaré leu J. G. de Araújo Jorge

Outono

O outono já chegou - aos arrufos do vento
as folhas num desmaio embalam-se pelo ar...

- vão caindo... caindo... uma a uma, em desalento
e uma a uma, lentamente, vão no chão pousar...

O céu perdeu o azul - vestiu-se de cinzento
e envolveu na neblina a luz baça do luar...
- na alameda onde vou, de momento a momento,
há um gemido de folha a cair e a expirar...

O arvoredo transpira as carícias dos ninhos,
e o vento a cirandar na curva das estradas
eleva o folhareu no espaço em redemoinhos...

Há um córrego a levar as folhas secas em bando...
- e à aragem que soluça entre as ramas curvadas,
parece que o arvoredo em coro está chorando!...

e dando os trâmites por findos:

um piano no equinócio de outono com Vera Inês em Autumn Leaves

um Nat King Cole, em 1957, no equinócio da primavera

ou Les Feiulles Mortes com Yves Montand




De saída, um vinho na praça, fumando um cigarrinho com o poeta surrealista Jacques Prévert :



Oh! je voudrais tant que tu te souviennes
Des jours heureux oů nous étions amis
En ce temps-la la vie était plus belle,
Et le soleil plus brűlant qu'aujourd'hui

Les feuilles mortes se ramassent a la pelle
Tu vois, je n'ai pas oublié...
Les feuilles mortes se ramassent a la pelle,
Les souvenirs et les regrets aussi

Et le vent du nord les emporte
Dans la nuit froide de l'oubli.
Tu vois, je n'ai pas oublié
La chanson que tu me chantais.

C'est une chanson qui nous ressemble
Toi, tu m'aimais et je t'aimais
Et nous vivions tous deux ensemble
Toi qui m'aimais, moi qui t'aimais
Mais la vie sépare ceux qui s'aiment
Tout doucement, sans faire de bruit
Et la mer efface sur le sable
Les pas des amants désunis.

Les feuilles mortes se ramassent a la pelle,
Les souvenirs et les regrets aussi
Mais mon amour silencieux et fidele
Sourit toujours et remercie la vie
Je t'aimais tant, tu étais si jolie,
Comment veux-tu que je t'oublie?

En ce temps-la, la vie était plus belle
Et le soleil plus brűlant qu'aujourd'hui
Tu étais ma plus douce amie
Mais je n'ai que faire des regrets
Et la chanson que tu chantais
Toujours, toujours je l'entendrai!

Um comentário:

  1. Eta Jacaré, estás romântico e um Wonderful World entra para compor com o clima.

    I see trees of green, red roses too
    I see them bloom for me and you
    And I say to myself
    What a wonderful world

    I see skies of blue and clouds of white
    Bright sunny days, dark sacred nights
    And I think to myself
    What a wonderful world

    The colors of the rainbow are so pretty in the skies
    Are also on the faces of people walking by
    I see friends shaking hands saying
    How do you do?
    They´re really saying
    I love you

    I see babies cry, I watch them grow
    They´ll learn much more than I´ll ever know
    And I think to myself
    What a wonderful world
    Yes, I think to myself
    What a wonderful world

    And I say to myself
    What a wonderful world

    http://www.youtube.com/watch?v=8y3_kH9nYcA&feature=related


    Eu vejo as árvores verdes, rosas vermelhas também
    Eu as vejo florescer para mim e você
    E eu penso comigo... que mundo maravilhoso

    Eu vejo os céus tão azuis e as nuvens tão brancas
    O brilho abençoado do dia, e a escuridão sagrada da noite
    E eu penso comigo... que mundo maravilhoso

    As cores do arco-íris, tão bonitas no céu
    Estão também nos rostos das pessoas que se vão
    Vejo amigos apertando as mãos, dizendo: "como você vai?"
    Eles realmente dizem: "eu te amo!"

    Eu ouço bebês chorando, eu os vejo crescer
    Eles aprenderão muito mais que eu jamais saberei
    E eu penso comigo... que mundo maravilhoso

    Sim, eu penso comigo... que mundo maravilhoso

    Cordiais saudações

    Adamastor das Tormentas

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